quinta-feira, 5 de maio de 2011

Olá pessoal.

Algumas pessoas me escreveram dizendo que sentem saudades de meus posts. É muito bom receber mensagens assim.

Estou distante do Crônicas há algum tempo e ando me torturando com a ideia de que abandonei os leitores. Queria bolar algo bom pra escrever a vocês mas, dada a urgência em minha consciência, vai assim mesmo.

Será, ao menos, uma satisfação.

Sendo até demasiadamente curto e grosso, aí vai: não tenho postado mais nada aqui porque eu não me sinto mais deprimido. Simples assim.

Quando escrevia, sem muita elaboração de ideias, de estilo ou de gramática, eu estava sendo sincero, como que purgando algo de dentro de mim.

Agora, confesso, tenho até certo receio de começar a escarafunchar os pensamentos, que estão voltados para outras questões, minha mente em outra sintonia.

Não sei bem o que aconteceu. Eu já havia parado com a medicação e terapia há tempos mas continuava a lutar contra um sentimento de angústia constante, de inadequação, de inferioridade e tantos outros que a maioria aqui conhece bem.

Mas, não sei bem como - prometo refletir melhor sobre isso - os ventos mudaram a posição de minhas antenas. Na vida real, prática, nada mudou: continuo sem conseguir emprego de jeito nenhum e pegando um ou outro trabalho pequeno (no sentido financeiro) pra fazer mas, de algum modo, não me sinto mais tão mal como antes.

Então, para não postar algum artigo pra lá de fake, parei de escrever aqui. Salvo o post anterior sobre a Páscoa, tenho me dedicado a outras atividades no intuito de aprimorar minhas aptidões e poder oferecer serviços melhores a quem concordar em ser meu cliente em marketing, publicidade e comunicação.

Não sei se isso é uma fase. Não me sinto "maníaco". Na verdade, ando bem calmo e tranquilo.

Não gosto de dar conselhos e mensagens de positivismo, mas se eu saí do poço de areia movediça psico-emocional em que estava, então qualquer um também sai. É questão de tempo, sorte, ou de vento nas antenas, não sei.

Vou manter o blog no ar, claro, pois sempre há a possibilidade de surgir algum pensamento que valha a pena dividir. Por hora, agradeço a todos que me escreveram e que continuam seguidores.

Um abraço e até breve.
Ou não.

sábado, 23 de abril de 2011

A Origem da Páscoa – versão Science Fiction


Em um lugar remoto do Universo, Pahz Khoa, um ser poderosíssimo, observava.

Com um tamanho 200 vezes maior que o Sol, sua razão de existir era manter os planetas livres de doenças, de vermes parasitas que pudessem colocar em risco seus equilíbrios naturais, seus ecossistemas.

Por zilhões de anos Pahz Khoa manteve a ordem e limpeza nos planetas de vários sistemas solares. Bastava ver que um planetinha começava a ficar infestado de vermes, pimba!, lançava seus raios cósmicos-megaplasmáticos, eliminava toda a infecção do planeta e tudo voltava ao normal.

Certa vez, meio sem querer, Pahz Khoa notou que num planetinha azulado comaçava a proliferar uma peste bípede. Eram serezinhos bem desprezíveis, não traziam nada de bom ao planeta mas se achavam os reis da cocada preta, se sentiam o centro do Universo, como se este tivesse sido criado para eles.

Pahz Khoa abriu sua planilha de projeção de evolução de espécies em seu iPaedh e se assustou quando viu que, em pouco mais de 2.000 anos – um piscar de olhos para ele – aquela especiezinha nojenta iria colocar o planetinha azul em sério risco.

Ele já preparava sua pontaria quando em seu smarthphoneae um alarme soou. Era um aviso sobre uma das regras do manual de limpeza e conservação do Universo: antes de eliminar uma espécie, ele precisava verificar, observar de perto se realmente deveria acabar com ela.

Mas havia dificuldades nesse caso. O planeta era muito pequeno, os seres da peste bípede que o infestava eram minúsculos, difíceis de enxergar. Pahz Khoa já tinha alguns trilhões de anos e sua vista andava meio cansada...

Então ele teve uma ideia: utilizando-se de seus incomensuráveis poderes e controle absoluto sobre suas formas e células, como que num processo de mitose fez com que um minimicrominúsculo pedaço de si mesmo cruzasse o espaço sideral e se depositasse dentro de uma fêmea da praga, emprenhando-a. Assim ele se transformaria num daqueles seres e poderia observá-los bem de perto.

O microscópico pedaço de Pahz Khoa nasceu como um ser daquela espécie prestes a ser dizimada, viveu entre eles e andou aprontando algumas interferências não permitidas, como fazer cegos enxergarem, levantar mortos das tumbas e transformar água em vinho numa festa repleta de menores de idade.

Ao ficar sabendo disso, seu chefe no departamento de limpeza universal ficou furioso. Mas antes que pudesse ser julgado e punido pelas interferências não autorizadas, Pahz Khoa fugiu, sumiu no espaço sideral.

O chefe, não conseguindo encontrá-lo em nenhum canto do Universo, pensou numa maneira macabra de fazê-lo aparecer: iria manipular os seres da praga naquele planetinha azul de modo que prendessem e torturassem da maneira mais cruel, sádica e sanguinária aquele ser que era na verdade um pedacinho de Pahz Khoa.

Como num vudu cósmico, imaginava que espetando, esfolando, chicoteando, esfacelando, esgarçando a pele daquele serzinho Pahz Khoa também sentiria o mesmo tormento e, não aguentando, retornaria para ser julgado.

Não adiantou nada. Pahz Khoa continuou desaparecido nos confins do Universo, nunca mais voltou. O chefe dele, por essa interferência também indevida, foi punido e teve de deixar o cargo.

E lá, no planetinha azul, a praga continuou sua marcha rumo à devastação.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

CONFESSO QUE ESTOU CONFUSO

(Obs.: esse post não tem nada a ver com depressão, eu acho...).

Pensar nas pessoas que conheço, alguns amigos, alguns conhecidos, alguns parentes próximos, outros distantes me deixa confuso.

São pessoas de bem.

Não cairia no clichê de dizer que são cidadãos exemplares, até porque nunca vi suas declarações de IR, mas são gente comum, que trabalha duro para garantir a sobrevivência e algum conforto para suas famílias.

Alguns são mais seriamente religiosos, outros menos, porém espiritualizados. Aparentemente levam suas vidas dentro dos padrões social e moralmente aceitos como corretos em nosso tempo.

São, também, pessoas inteligentes, bem instruídas, cultas em relação à grande maioria, com boa ou ótima formação, bem informadas e com acesso aos mais variados jornais, revistas, livros, rádio, cinema, teatro, TV e internet.

Todos, sem exceção, acreditam no bem, em Deus, no valor absoluto da vida, tem seus padrões de certo e errado definidos em parte pela religião, em parte pela cultura, hábitos e costumes que passam de geração a geração, com pequenas evoluções caso contrário ainda estaríamos cuspindo catarro nas escarradeiras que antes decoravam as salas de visitas da burguesia paulistana (sério, escarrar durante uma visita era chique!) e escravizando afrodescendentes.

Somando tudo isso – e mais alguns fatores que não me lembro de citar no momento – meu cérebro se retorce em angustiantes exercícios mentais para tentar entender o motivo de fecharem os olhos para o que considero uma importante questão moral e ética: o vegetarianismo.

Como podem essas pessoas fingirem que não sabem o que se passa nas fazendas de criação e nos matadouros e ainda seguirem em frente cravando os dentes num bife que outrora era um ser vivo?

Como pode uma pessoa que se afirma religiosa e critica o aborto, pois para ela a vida é um valor absoluto, não se importar com a vida que se extinguiu para que ela pudesse saciar o pecado da gula com o que ela chama de “deliciosa picanha”?

Dizer que “a Bíblia (ou sua religião) permite” é uma afronta à inteligência de qualquer um que já tenha lido ao menos um pedacinho deste livro, pois a Bíblia também permite escravizar pessoas, matar a pedradas, etc., etc.

Dizer que “é costume” também chega a ser idiota discutir, pois os costumes, como citei num parágrafo anterior, evoluem.

Se só Deus pode dar e tirar a vida, porque essa regra só serve para algumas vidas e não todas?

Será que, para elas, animais são “coisa” e não “indivíduos”?

Será que é assim que deve ser, termos uma moral e ética seletiva, optativa, ou seja, adotar como correto somente aquilo que nos interessa e descartar como bobagem aquilo que nos incomoda?

Será que eu estou errado? Será que é bobagem considerar animais como seres que também tem direito à própria vida e liberdade?
Talvez eu seja apenas um cara problemático, confuso, meio perturbado ou então a soma disso tudo e mais algumas.

É sério! Entre tantas outras coisas, essa é mais uma que eu gostaria de entender: porque as pessoas fecham os olhos para isso.



 

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

ATUALIZANDO...

"O que é necessário para mudar uma pessoa é mudar sua consciência
de si mesma."
(Abraham H. Maslow)








Olá.

Estou um pouco afastado do blog, como você já deve ter percebido, mas os motivos agora são outros. Além de estar envolvido em dois novos projetos, há especialmente uma questão que me fez parar um pouco com meus textos aqui: estou farto de ser deprimido.

É isso, cansei. Quero "mudar de personagem".

Acredito (apesar de sempre afirmar que esse verbo deixou de fazer parte de meu vocabulário) que nunca poderei deixar de ser eu mesmo e que a depressão deixará, assim como alguns tipos de ferimentos, cicatrizes que talvez jamais desapareçam, mas posso tentar, todo dia pela manhã, escolher como ele será. E uma maneira de meus dias serem menos depressivos é tentar não pensar nisso, focar em outra coisa.

Voltando ao dilema de Tostines, não sei se isso é a depressão diminuindo e eu recompondo minhas forças ou se encontrei forças para enfrentar a depressão. De qualquer modo, decidi ir em frente, talvez hipnotizado pelo clima de início de ano.

Antes de cair em depressão, ir à academia era para mim algo como escovar os dentes ou tomar banho, ou seja, algo corriqueiro, inserido em meu dia-a-dia e que deveria fazer todos os dias quase que automaticamente. Em certa época, costumo dizer que "ficava sem ar, mas não sem academia". Frequentei academias por mais de 25 anos quase que diariamente, mas parei no início de 2007 com uma série de desculpas: minhas costas doíam, estava sem grana, não podia ficar "vagabundando" na academia enquanto não arrumasse emprego... ...

Nada disso mudou, mas agora resolvi, de uma vez por todas, voltar a treinar. Meu pensamento atual é: já que a merda da minha vida não muda mesmo, que ela seja menos fedorenta.

Mas uma vez ligado a um assunto, parece que ele te persegue. A atenção seletiva fez seu trabalho e notei que num intervalo de semana e meia a depressão foi alvo de duas matérias jornalísticas. Uma foi hoje, na Folha de São Paulo, dizendo que geneticistas parecem ter encontrado um gene que poderia predispor pessoas à depressão. Outra, também na Folha, divulga um novo antidepressivo que alteraria menos a libido.
 
Pelo jeito, ainda vamos ler muito sobre depressão. Acho que isso é bom, mas gostaria de conseguir prestar menos atenção a isso.