quarta-feira, 20 de outubro de 2010

ESTIVE FORA UNS DIAS...

...numa onda diferente, como na música, mas não provei tantas frutas, pelo contrário, comi muito croisant, bagels e muffins.

Foi um rápido escape a quase 8.000 km daqui mas, mesmo assim, a realidade dá um jeito de me alcançar. E voltar para ela não tem graça nenhuma. Se voltar das férias já é normalmente ruim, retornar ao "nada" é ainda pior.

Às vezes penso que não estou mais deprimido, ou ao menos não como antes, mas ainda há muita coisa mal resolvida. Algumas do passado, outras do presente, minha vida, meu futuro, o que fazer daqui pra frente é uma incógnita e, para usar um clichê bastante gasto, não vejo luz no fim do túnel. Se ao menos visse o túnel saberia onde estou e para onde vou, mas nem isso.

A aceitação de que não sou especial, no sentido de não ter algum talento a ser mostrado ao mundo que me diferencie e se torne um meio de vida, ainda é áspera. Talvez isso soe pedante, talvez egocêntrico, mas eu sinceramente achava que sim, que poderia mostrar ou fazer algo através da escrita ou da ilustração - ou os dois combinados - e viver desse suposto "talento", mas aparentemente ninguém parece interessado em me pagar por essas atividades.

Agora, já dobrando o cabo da boa esperança, preciso deixar de resistir, inutilmente, ao que parece inevitável: tenho de arranjar um meio de vida qualquer, medíocre, para pagar as contas.

É o que todo mundo faz? Sim, mas é tudo o que um deprimido não gosta de ouvir ("todo mundo isso, todo mundo aquilo...") e me deixa ainda mais para baixo.

Nem sei se conseguirei - quem irá me contratar depois de tanto tempo fora do "mercado"? - nem tenho condições de montar um negócio, e o pavor da sensação de "não pertencimento" já me assombra. Passei boa parte de minha vida adulta profissional com um sentimento, como canta Thom Yorke do Radiohead, de "...What the hell am I doing here? ...I don't belong here...".

Mas, então, qual o meu lugar nesse mundo? Será que tenho algum?