terça-feira, 23 de março de 2010

A VIDA NÃO IMITA A ARTE...

Hold me now
I'm six feet from the edge and I'm thinking
Maybe six feet
Ain't so far down
I'm so far down
Creed


...Nem a arte imita a vida. Filmes em geral mostram o clichê da redenção, por exemplo, quando o cidadão comum que entra num inferno, passa as maiores agruras e no final tudo acaba bem.

Bonito isso... Mas não é verdade, é só um filme. Na vida real parece não haver redenção no final, aquele desfecho em que o personagem termina abraçando alguém, beijando ou sorrindo feliz com aquela expressão de “enfim, acabou” e, óbvio, tudo fica numa boa.

Na vida real, imagino que na maior parte das vezes, não há final feliz. Há apenas o final possível, que quase nunca é o que gostaríamos mas nos conformamos pois “tudo poderia ser pior”. Filmes não dariam boas bilheterias se retratassem a verdade.

Neles, Hollywood gosta de mostrar que a vida tem altos e baixos mas sempre termina no “altos”. Não, não termina. O filme é que termina, pois por algum motivo que desconheço estipularam que 80 minutos é o ideal para se contar uma estória. Eventualmente um pouco mais, como em Avatar.

Muitas vezes a vida real não tem altos e baixos, mas apenas baixos e baixos. Somos levados a acreditar que não ganhamos sempre, mas é duro quando percebemos que perdemos sempre.
Havia um cara assim. Ele desistira de lutar pois sabia que não havia um grand finale para ele.

Seguia em frente sem saber direito se era covarde demais para dar fim àquela existência medíocre ou se, soterrado no mais profundo de seu ser, havia uma fagulha de esperança que algo mudasse.

Já havia tentado de tudo, entrado em contato com todos e mais alguns, tido diversas ideias, mas sua vida simplesmente patinava.

Anos e anos sem progresso, apenas existindo. Sua angústia existencial era grande. Como gostaria de ser como os animais, que não se preocupam com o futuro, nem com sua passagem por esta vida nem se para ela há ou não um sentido. Apenas vivem. Isso deveria bastar, mas não.


Faltava-lhe o fôlego às vezes, tamanha a aflição. Para tentar não enlouquecer, às vezes caminhava.

Foi quando, tarde da noite andando pela rua, um homem o abordou com uma arma. Disse que ia matá-lo se não entregasse a carteira e o relógio.

Então, depois de muito tempo, ele sorriu.