
"Talvez eu não esteja deprimido...
Os outros é que estão artificialmente felizes".
eu mesmo
Acabo de ler "O Tempo e o Cão", da psicanalista Maria Rita Kehl. Quer dizer, acabo não, pois já emprestei para minha terapeuta.
Não é um livro muito "fácil" para quem, como eu, tem pouquíssima ou nenhuma bagagem Freudiana, Lacaniana, Benjaminiana e umas outras. Em algumas partes achei que a autora se perdeu em academicismos sobre correntes filosóficas, História, a vida de Baudelaire...
Mas quando volta a tratar do assunto Depressão, parece que me observou e

Maria Rita, situando a depressão como uma questão "social", afirma que - e isso eu sentia mas não sabia traduzir em palavras - deprimidos são pessoas deslocadas de seu tempo, indo muitas vezes na contramão: numa sociedade em que todos buscam a felicidade, o prazer, o gozo, o deprimido é aquele que atrapalha porque não consegue "ser alegre e feliz" como os demais.
"...esta é a única sociedade em que as pessoas ficam infelizes por se sentirem culpadas de não estarem tão felizes quando deveriam. Se alguém está triste, o que é natural na vida, essa cobrança social duplica a infelicidade. O depressivo é sintoma social porque ele é aquele que não consegue aceitar o convite tão sedutor para estar sempre de bem com a vida".
Vale a pena.