quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O Tempo e o Cão


"Talvez eu não esteja deprimido...
Os outros é que estão artificialmente felizes".

eu mesmo


Acabo de ler "O Tempo e o Cão", da
psicanalista Maria Rita Kehl. Quer dizer, acabo não, pois já emprestei para minha terapeuta.

Não é um livro muito "fácil" para quem, como eu, tem pouquíssima ou nenhuma bagagem Freudiana, Lacaniana, Benjaminiana e umas outras. Em algumas partes achei que a autora se perdeu em academicismos sobre correntes filosóficas, História, a vida de Baudelaire...

Mas quando volta a tratar do assunto Depressão, parece que me observou e
escreveu sobre mim - e sobre todos que vem visitar o Crônicas, pois temos muito em comum.

Maria Rita, situando a depressão como uma questão "social", afirma que - e isso eu sentia mas não sabia traduzir em palavras - deprimidos são pessoas deslocadas de seu tempo, indo muitas vezes na contramão: numa sociedade em que todos buscam a felicidade, o prazer, o gozo, o deprimido é aquele que atrapalha porque não consegue "ser alegre e feliz" como os demais.

"...
esta é a única sociedade em que as pessoas ficam infelizes por se sentirem culpadas de não estarem tão felizes quando deveriam. Se alguém está triste, o que é natural na vida, essa cobrança social duplica a infelicidade. O depressivo é sintoma social porque ele é aquele que não consegue aceitar o convite tão sedutor para estar sempre de bem com a vida".

Vale a pena.