quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

AREIA MOVEDIÇA


"...Não adianta chamar...
Quando alguém está perdido, procurando se encontrar...".
Rita Lee - Doce vampiro


Nenhuma doença é boa.

Ok, agora fui idiota, nem precisava escrever isso, mas a Depresão é especialmente cruel.

Se você é diabético e vive fazendo hemodiálise todo mundo entende e se compadece.

Se é tuberculoso e tosse as tripas o dia todo, todos se compadecem.

Para qualquer doença crônica e seu tratamento há sempre aqueles que entendem e se compadecem.

Com deprimidos é diferente. Mesmo em plena era da informação há muito preconceito e incompreensão.

Ha tempos descobriram que depressão é um problema químico no cérebro - uma doença como outra qualquer - mas ser um "paciente psiquiátrico" ainda assusta e afasta a maioria.

Sua falta de ânimo é vista como corpo mole, sua visão pessimista do futuro como fraqueza de espírito, por seus lapsos de memória o acusam de viver no mundo da Lua (quem dera), seu distanciamento das pessoas o faz ser visto como um esquisito, sua incapacidade de ser carinhoso é mal entendida como desamor...

Até as pessoas mais próximas, aquelas únicas que deveriam ao menos saber de seu "problema" e com as quais você contava, o ironizam:- Ai, como vc anda chato. Parece o Hardy Har Har quando dizia "oh, dor, oh céu, oh vida, oh azar". Credo!

E parece que quanto mais você se debate tentando "sair dessa", como nas clássicas cenas de areia movediça dos filmes B, mais você afunda.

Estar deprimido é andar por becos escuros numa noite chuvosa, como um personagem desesperançado de "Invisivel People", de Will Eisner, ao som das doloridas "Canções para Cortar os Pulsos" de Tom Waits.

Poucos irão entender.