terça-feira, 22 de junho de 2010

GATILHOS

“Se amo meu semelhante? Sim, mas onde encontrar meu semelhante?” – Mário Quintana.



No blog da Theresa Hilcar, ao qual já me referi em outro post, ela fala sobre os gatilhos que podem disparar uma crise ou aprofundar um estado latente e tem absoluta razão quando escreve que “...o que pode perfeitamente ser trivial, normal, para muitos, é tremendamente dolorido para nós”.

O computador que quebra, fechando sua janela para o mundo.

Um teste de audiometria que te deixa com nervos à flor da pele por não conseguir repetir o que a fonoaudióloga está falando – e descobre-se ainda mais surdo que antes.

O aniversário chegando e nada a comemorar (um ano a menos nesse mundo, talvez...).

A dor na coluna que só piora e te faz sentir muito mais velho do que é.

As contas que chegam e o dinheiro que falta.

Os carros novos dos vizinhos e a sua vaga vazia. “Culpa” por não ser como eles...

Uma proposta de publicação recusada. Nada que faça parece ter valor para quem quer que seja...

A total inutilidade da busca por emprego, que só reforça o sentimento de inaptidão e incompetência...

Mas o pior mesmo da depressão não são os gatilhos nem sintomas. São a burrice, ignorância e estupidez das pessoas que nos cercam.

São elas as responsáveis pelos gatilhos mais devastadores, pelos sintomas mais profundos e doloridos. Talvez por isso deprimidos sejam um tanto misantrópicos.

Que bom seria viver rodeado apenas de animais. Eles nunca o decepcionam, jamais acusam nem questionam. O amam do jeito que é. Eu queria ser a pessoa que meu cão faz parecer que eu sou.