segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

CONFORTABLY NUMB

Ontem à noite, dando uma zapeada pouco antes de ir dormir vi que estava passando um show do Pink Floyd no Multishow.

Engraçado: eu gosto muito mais desses caras agora que estou mais velho do que quando era garoto. Talvez seja porque algumas de suas canções passaram a fazer sentido para mim.

Ouvindo "Time" não pude deixar de notar extrema semelhança entre a letra da música e coisas que passam por minha cabeça de vez em quando:

"...E então um dia você descobre que dez anos ficaram para trás
Ninguém lhe disse quando correr, você perdeu o tiro de partida.

E você corre, corre atrás do Sol, mas ele está se pondo,
Fazendo a volta para nascer outra vez atrás de você.
O Sol é relativamente o mesmo, mas você está velho,
Com menos fôlego e um dia mais próximo da morte.

Cada ano vai ficando mais curto, parece não haver tempo para nada.
Planos que dão em nada, ou meia página de linhas rabiscadas.
Esperar em quieto desespero é o jeito inglês.
O tempo se foi, a música terminou, pensei que eu tivesse algo mais a dizer..."

De fato, na prática, minha vida não mudou nada desde que entrei em depressão a não ser pelo fato de não mais me sentir tão mal como nos piores momentos da crise. 

Mas minha vida profissional não andou nem um centímetro... Continuo tentando algumas coisas, mas não saio do lugar. 

E, de certo modo, pior ainda: não acho que deva me debater para tentar qualquer outra coisa. Me parece inútil.

Será que ainda estou/sou deprimido ou é apenas a idade, a realidade e a lembrança dos últimos vários anos "perdidos" (in a relative way..)?

Será que essa minha relativamente feliz inércia é, como em "Confortably Numb",

"...essa sensação mais uma vez,
não consigo explicar, você não entenderia.
Não é assim que eu sou,
Me tornei confortavelmente entorpecido...".