quarta-feira, 28 de julho de 2010

O SILÊNCIO E O ESCURO

"Todos os mistérios do homem derivam de não ser capaz de sentar silenciosamente em uma sala isolado." (Blaise Pascal) 




Muito se fala e escreve sobre a importância do silêncio. Coloque “importância silêncio” no Google e terá leitura pro resto da vida. Engraçado, poderia dizer que se faz muito barulho pelo silêncio...

Indo desde a manjada “Deus nos deu duas orelhas e uma boca...” a questões metafísicas, vê-se alguma confusão do silêncio com apenas fechar a boca, ficar mudo. Há um koan sobre isso:

“Quatro monges decidiram meditar em silêncio completo, sem falar por duas semanas. Na noite do primeiro dia a vela começou a falhar e então apagou.

O primeiro monge disse:

- Oh, não! A vela apagou!

O segundo comentou:

- Não tínhamos que ficar em silêncio completo?

O terceiro reclamou:

- Por que vocês dois quebraram o silêncio?

Finalmente o quarto afirmou, todo orgulhoso:

- Aha! Eu sou o único que não falou! “

Mas o Silêncio é muito mais que isso. O Silêncio de que escrevo é o da mente.

Se a gente está lendo, vendo TV ou navegando na internet nossa mente não está em silêncio.

E porque parece ser tão difícil – para todo mundo desde sempre e atualmente muito mais - ficar em silêncio?

O silêncio parece ser, para as pessoas em geral, como o escuro para crianças. Um monstro pode estar debaixo da cama, um bicho-papão no armário, as sombras parecem se mover, ameaçadoras, em nossa direção. Não há como antecipar o que pode estar vindo nos pegar...

Assustador para grande parte das pessoas, pois é nesse momento que vemos a nossa realidade, é no silêncio – e não no mutismo – que ficamos verdadeiramente a sós e encaramos... Nós mesmos.

Como uma criança, queria ficar no escuro e perguntar ao bicho-papão porque quer me pegar. Encarar o monstro no guarda-roupas e saber o que quer comigo. Dizer às sombras que podem vir e não lhes farei mal.

Talvez, com essa conversa no silêncio – ou no escuro, como queira - ficássemos todos amigos.

E em paz.


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