quarta-feira, 12 de maio de 2010

DONA ROSA



Minha mais forte recordação dela somos nós dois, em plena tarde de sol, sentados no sofá da sala, ela fazendo tricô (ou aquilo era crochê, nunca sei) e eu comendo biscoitos.

Volta e meia, olhando sobre os óculos, ela dava uma espiadela na TV em preto e branco em que eu assistia aos desenhos do Pernalonga.

Gordinho, às vezes eu “matava” um pacote de bolacha ou salgadinho e ela me dava dinheiro pra ir correndo durante o intervalo comprar outro na venda da esquina.
Enquanto minha mãe, professora de primário, trabalhava meio período – que era quase que o dia inteiro pois gastava horas de ônibus entre o Ipiranga e São Caetano – ela que tomava conta de mim.

Nos raros momentos de sarcasmo, gostava de lembrar à família toda cenas de quando eu era bem pequeno, coisas envolvendo nariz escorrendo, fraldas cheias, medos... Não era por mal, claro, era só pra rirmos um pouco.

Minha avó paterna, a Dona Rosa, 93 anos, faleceu hoje.

Um comentário:

  1. Amigo,

    Faço minha a dor que você e sua família sentem por essa terrível perda. Ainda tenho minha avó materna viva, com 91 anos e bem lúcida, mas fisicamente cada vez mais limitada. Evito muito pensar a respeito do dia que terei que passar pelo que você passou e tentar aproveitar ao máximo a presença dela.
    Minha avó materna foi fundamental na formação do meu caráter, já que morei com ela por muito tempo desde a infância até o dia em que me casei. Cara, foi difícil cortar esse cordão no início.
    Receba um forte abraço de minha parte; o mesmo para os seus familiares.

    Ian Gedik

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