segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

QUEM ME ROUBOU DE MIM ?


Tempos atrás entrei num grupo de discussão para Deprimidos. Pensava encontrar discussões sobre o problema, relatos de casos, coisas assim, mas não.

Estava mais para um muro virtual de lamentações e, pior, uma reunião de crentes numa profusão de referências bíblicas e mensagens adocicadas. Uma pena.

Eu sou ateu mais ou menos militante e tenho pavor de auto ajuda, como alguns já podem ter notado, principalmente quando há tendências religiosas em suas mensagens. Mas um dia todo mundo tropeça.

Desatento, distraído e desarmado durante as férias, passeando por um café deparei-me com um livro cujo título, de imediato, fez-me pensar no cerne da questão que conversava com minha terapeuta: "Quem me roubou de mim?".

Ao ver que o livro tratava do esquecimento de significados que nos tornam quem somos, a "perda do eu", não tive dúvida de que o assunto me dizia respeito. Torci o nariz ao ver que o autor é padre e, sinceramente, pulei as duas ou três páginas nas quais ele mergulha em questões religiosas mas, no geral, o livro vale a pena se você, como eu, um certo dia se viu perdido sem saber quem exatamente era, do que gostava, o que queria, fragilizado e oprimido diante das demandas "do outro".

Um trecho:

"... Uma mesa é uma mesa e não pode ser uma porta. Pronto, o conceito identificou, diferenciou, limitou de forma positiva. Ninguém poderá condenar a mesa por não ser porta. Ela já está no limite do seu conceito. No mundo das pessoas, é a mesma coisa. Nossa identidade nos limita, não para nos empobrecer, mas, ao contrário, para nos favorecer o crescimento. Quem sabe bem o que é e o que não é terá mais facilidade de explorar suas possibilidades, uma vez que os limites já estão apreendidos também. Apreender e conhecer os limites que se tem é um jeito interessante de potencializar as qualidades que nos são próprias".

No livro, o autor faz uma metáfora sobre a "perda do eu" com o crime de sequestro. Bem interessante, ele é fininho e dá pra ler em uma ou duas tardes.

Um link com um texto mais longo:
http://veja.abril.com.br/livros_mais_vendidos/trechos/quem-me-roubou-de-mim.html

2 comentários:

  1. Deus foi feito na oficina do Diabo.

    F#

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  2. Saudações!
    Obrigado pela indicação do livro do padre Fábio de Melo. Gostei do trecho do link da Veja, achei muito interessante.
    Esse padre é uma celebridade pop do meio católico. Nunca imaginei que ele pudesse escrever tão bem, sem ser leviano ou fútil.

    Gosto muito do seu blog, HeadShaker. Posso dizer que é uma leitura alentadora para mim, acredita?

    Obrigado!

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